Ao inaugurarmos a Biblioteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional, temos em mente que este dispositivo indispensável à nossa contemporaneidade informacional comporta mais cuidados do que aqueles normalmente privilegiados pelas políticas tecnocientíficas da memória. A digitalização do impresso implica, de fato, para além da sua dimensão puramente técnica, o tornar visível de toda uma crise das estruturas culturais tradicionalmente centradas no livro e na leitura individualizada
É que a digitalização parece impor-se no mesmo momento em que se multiplicam outros caminhos técnicos de aquisição de cultura, outros suportes (do cinema ao DVD), geradores de modos de uso bastante diferentes daqueles requeridos pela prática tradicional da leitura do livro. O risco é incorrer por inteiro no paradigma tecno-mercantilista, cujas estratégias estão mais centradas em preencher a base digital com objetos culturais, que são no fundo indiferentes à grande comunidade dos cidadãos. Ou seja, as formas técnicas de apresentação do digital acabam tornando-se mais interessantes do que isto a que estamos habituados a chamar de “cultura” ou de “patrimônio histórico”.
São evidentes as consequências disso tudo. Em primeiro lugar, consolida-se a idéia de “sociedade de informação” como uma redução ao conceito de infraestrutura digital. Esta é socialmente valorizada enquanto inovação tecnológica, portanto, enquanto incremento exponencial da velocidade do acesso, mas, isolada em sua dimensão técnica, pode consolidar o abismo elitista entre a apropriação comunitária dos conteúdos culturais e a enorme oferta propiciada pelo mercado do digital.
Em segundo lugar, o ponto da preservação digitalizada da memória cultural termina ficando dentro do campo estreito dos interesses e dos debates mercadológicos: como resolver os impasses da concorrência empresarial, qual o melhor padrão a ser adotado. Em última análise, o mercado pode transferir para a inovação do digital os velhos dogmas do funcionalismo, que as ciências sociais tomaram de empréstimo às ciências naturais. E tende a deixar esquecida a diversidade das línguas naturais em favor de um algoritmo único, responsável por todos os mecanismos de busca. Este tipo de preocupação está presente em nossa arrancada rumo à digitalização do acervo. A democratização do acesso à memória cultural não deve furtar-se à pesquisa de uma orientação nacional para os mecanismos de busca.
INTERFACE DA BIBLIOTECA NACIONAL DIGITAL
http://bndigital.bn.gov.br/sobre-a-bndigital/apresentacao/
A Biblioteca Nacional Digital faz parte da Fundação Biblioteca Nacional.
A BNDigital disponibiliza apenas documentos em domínio público ou com autorização de publicação do titular do direito autoral, exceto músicas gravadas em discos de 78 rotações que só podem ser acessadas na íntegra no prédio sede da FBN.
MISSÃO
A BNDigital materializa duas das tradicionais missões das bibliotecas nacionais: preservar a memória cultural e proporcionar o amplo acesso às informações contidas em seu acervo.
Ao ser criada, a BNDigital tinha propósitos bem definidos que ainda se mantêm como objetivos de sua existência, são eles:
- Ser fonte de excelência para a informação e a pesquisa;
- Ser veículo disseminador da memória cultural brasileira;
- Proporcionar conteúdo atualizado e de interesse dos usuários;
- Alcançar públicos cada vez maiores, neutralizando as barreiras físicas;
- Atender interesses das diversas audiências (pesquisadores profissionais, estudantes, público “leigo”);
- Preservar a informação através de sua disseminação;
- Preservar os documentos originais evitando o manuseio desnecessário;
- Ajudar instituições parceiras na preservação e acesso à memória documental brasileira;
- Reunir e completar virtualmente coleções e fundos dispersos fisicamente em diversas instituições;
- Aumentar os conteúdos em língua portuguesa disponíveis na web; e
- Replicar para instituições interessadas através de cursos, estágios e treinamentos as tecnologias, normas e padrões adotados na gestão de conteúdos digitais.
REFERÊNCIAS:
http://bndigital.bn.gov.br/